Rita Lee diz que seu primeiro orgasmo foi com o marido
Sempre polêmica e irreverente, desde o início de sua carreira, nos idos anos 60 e 70, Rita Lee abre o coração e solta o verbo em entrevista à Revista Marie Claire deste mês.
Entre outras coisas, a cantora falou sobre o tabu do envelhecimento, principalmente para as mulheres, e afirmou que ninguém avisou que seria desconfortável estar dentro do próprio corpo.
Vaidosa, Rita contou ainda que mente a idade, de 65 para 67 anos, para parecer mais conservada.
A cantora, que em breve completa 50 anos de carreira, disse que acha brega o título de Rainha do Rock e que prefere coisas mais para o lado de meio marginal, meio princesa.
Ao falar sobre a censura que suas canções sofreram durante a ditadura, Rita disse estar orgulhosa diante dos dados apresentados pelo repórter da Marie Claire que a entrevistou. A cantora contou sobre sua prisão, em 1976 e afirma que na época serviu mais de bode expiatório, porque os policiais precisavam prender alguém para dar o exemplo.
“Me pegaram para bode expiatório... Eu estava bem no início da gravidez do Beto, pela primeira vez em muito tempo, não estava usando droga alguma. Morava numa casa na Vila Mariana e chegaram sete policiais, de jeans e blusão de couro. Achei que fossem roqueiros, abri a porta e, quando vi do que se tratava, disse: ´podem entrar e buscar o que quiserem. Estou grávida e limpa´. Eu morava com a Balu, minha madrinha, e ela viu os caras plantarem a prova contra mim, um saco enorme de maconha, para me incriminar. Me tiraram de casa e eu passei por todas as delegacias, tipo troféu, no camburão. Fiquei uma semana no DEIC e depois um mês na casa de detenção do hipódromo”, disse Rita à Marie Claire.
A cantora explicou também que quando soube da gravidez do primeiro filho, Beto, que hoje está com 35 anos, ligou para Roberto de Carvalho, até então seu namorado, só para comunicá-lo e disse que não haveria cobrança alguma. Pouco depois, ela foi presa e Roberto estava lá, ao lado dela, como sempre aconteceu.
“Evidente que é uma atração planetária (ela é Roberto). Sabe como conheci o Roberto? Fui assistir ao Ney (Matogrosso, com quem Roberto tocava em 1975). Aí, passei nos bastidores para dar um beijo no Ney, cheguei no camarim e vi o senhor Roberto de Carvalho com uma mulataça pelada no colo (risos)! Convidei o Ney para jantar em casa e o Roberto disse: “Oba, posso ir?”. E a mulata lá, no colo dele. E eu: “Claro!”. Ao mesmo tempo pensava: “Você, sim, mas ela não!!!”. Ney entendeu, deu uma piscadinha e levou só o Roberto”, disse Rita, divertindo-se com a lembrança.
A cantora contou ainda que perdeu a virgindade antes dos 19 anos, mas seu primeiro orgasmo foi mesmo com Roberto de Carvalho e que os dois sempre se deram muito bem no sexo.
Rita contou que o marido também foi seu porto seguro.
“Ele me segurou. Era uma torre. Ele parou de tomar drogas muito antes que eu. E segurou os meninos. Segurou a coisa toda”, afirmou a roqueira.
Em outro trecho polêmico da entrevista Rita falou sobre seu período mergulhada nas drogas e explicou que foi internada em uma clínica para se tratar, porque estava pegando pesado e aquilo não era legal para os filhos, que eram pequenos.
“Cheguei a um ponto tipo Chorão (do Charlie Brown Jr., que foi encontrado morto em seu apartamento no dia 6 de março), sabe? Eu adorava o Chorão. E entendo muito bem o inferno que ele passou. Conheci aquilo de perto. Sinto muito não ter estado com ele no final. Ele estava sozinho... Eu passei por essa barra, mas não estava sozinha. Tinha meus três meninos e o Roberto, minha mãe, meu pai. Mas só fui me afastar mesmo das drogas há uns sete anos, quando Ziza (a neta) nasceu”, conta Rita, chateada com a morte do líder do Charlie Brown Jr.
Rita afirmou que atualmente está bem e gostando mais de si mesma, sem as mágoas que tinha com ela mesma. A cantora afirmou à publicação que se perdoou de tudo e que hoje se acha bem legal.
Mesmo assim a cantora faz terapia e usa medicamentos principalmente porque recentemente descobriu que é bipolar.
“Tomo lítio. Mas foi até bom ter recebido o diagnóstico da bipolaridade. Desde criança, oscilei entre a euforia e a depressão. Agora, sei que não passo de uma estatística, não é? Antes, me achava diferente, hoje sou apenas mais uma e gosto disso. Só penso que, se eu fosse um pouco mais vaidosa, faria uma plástica”, afirmou Rita, se divertindo.
Além de envelhecer, que a cantora diz considerar um tabu, para ela defender os animais no Brasil também acaba sendo considerado um tabu.
“É a mania de achar que defender bicho é coisa de desocupado, de louco. As pessoas não respeitam animais, pensam que eles são objetos”, desabafou a cantora à Marie Claire.
Sobre sua relação com Deus, Rita Lee contou que hoje em dia reza muito, que adora santinhos, e gosta de rezar.
“Não tenho religião. É uma coisa de ligação com o invisível”, diz Rita.
Amada e respeitada por milhões de fãs em todo o país, Rita contou que uma grande loucura que uma fã fez por ela foi ter roubado um absorvente interno, usado, de seu banheiro.
A cantora encerra a entrevista Marie Claire dizendo que hoje em dia gosta da serenidade que conseguiu conquistar em sua vida.
“Sempre fui muito ansiosa, compulsiva até. Agora, sinto um pouco mais de controle na minha cabeça, nas coisas que eu quero, nas minhas orações. Continuo com a minha música. Estou fazendo uma letra, “Procurada Viva ou Morta”, que é sobre as mulheres. Falo de um universo feminino grande: tem a mãe preta, a Papisa Joana... Pois é aquela coisa ... No fundo, a sociedade ainda acha que a gente ou é puta ou é santa. Ou é a virgem ou é a pecadora expulsa do paraíso. Mas somos todas muito mais complexas do que isso”, afirmou Rita.
A entrevista completa com Rita Lee, pode ser conferida na Marie Claire deste mês.