Sucesso nos anos 80 com a banda João Penca e seus Miquinhos Amestrados, Leo Jaime voltará às suas raízes roqueiras. Agora por causa de um músico que interpretará na nova temporada de “Malhação”. Na TV, ele já participa de “Amor & sexo”, também na Globo, e do “Saia Justa”, no GNT. “Malhação” marcará seu retorno às novelas depois de 24 anos: em 1988, ele teve um papel em “Bebê a bordo”, de Carlos Lombardi. Depois, fez participações em programas variados. Enquanto passeia pelo Parque do Penhasco Dois Irmãos, no Leblon (Zona Sul do Rio), ele abre os braços para explicar como aprendeu a jogar nas onze:
— Quando a indústria fonográfica fechou as portas para mim nos anos 90, me reinventei — diz Leo, que já atuou até como comentarista esportivo. — Na TV eu me encontrei. Ali, posso ser um pouco de tudo.
Em “Malhação”, cujas gravações estão previstas para julho, Leo será Nando, um roqueiro que fez muito sucesso nos anos 80 e, depois do fim de sua banda, ficou meio sem rumo. O personagem abrirá um centro cultural que vai virar o point da garotada.
— Ele acaba virando uma espécie de ídolo dos meninos que querem ser músicos — conta Leo, que percebe um aumento no assédio depois que ele se tornou presença frequente na TV. — Acabei virando cult, né? Mas não me considero famoso. Faço compras no (supermercado) Guanabara numa boa, sem tietagem. Acho que ‘Malhação’ vai me apresentar para um público novo.
Apesar de ter feito sucesso como músico, Leo diz que seu interesse pelo palco nunca foi exclusivamente musical. Em 1988, quando estava no auge da carreira, resolveu tomar outros rumos: fez novela, se formou em jornalismo e atuou em vários filmes e musicais. Queria, como ele mesmo diz, “testar suas aptidões”. O que acabou se revelando um trunfo quando, na década de 90, contratado de uma gravadora, teve de esperar cinco anos para lançar seu segundo álbum.
—Tudo o que eu tinha acumulado em dez anos de estrada sumiu de repente. Foi um baque — lembra Leo. — Foi uma fase muito ruim. Para a minha cabeça, para a minha saúde, para tudo.
Foi justamente nessa época, quando tinha 30 e poucos anos, que ele descobriu que sofria de pan-hipopituitarismo, ou seja, sua hipófise não funcionava.
— Comecei a ter apnéia do sono, falta de disposição e a ganhar uma barriguinha. Fui investigando e descobri que teria de tomar hormônios para o resto da vida — explica Leo, que atualmente ainda consegue tempo para malhar pelo menos três vezes por semana. — Hoje tenho uma saúde perfeita. Meu percentual de gordura é de apenas 14%, mas é tudo acumulado na barriga.
Depois da “geladeira” que lhe foi imposta no meio musical, Leo mudou-se para São Paulo e estrelou, ao lado de Marília Pêra, o musical “Vitor ou Vitória”, em 2000. Quando pensou que tinha se estabelecido como ator, demorou mais dois anos para receber o convite para outra peça.
— Foi quando eu entendi que talvez este fosse o meu padrão: ter várias atividades ao mesmo tempo. Isso é dificílimo, porque a preparação para um show é diferente da preparação para um programa de TV. Mas essa angústia criativa me estimula a me doar ao máximo, é uma parceira. Tive uma trajetória muito peculiar, nada caiu do céu para mim nesses 30 anos de carreira.
Com três programas na TV e uma média de quatro shows por mês, Leo ainda arruma tempo para ser um pai presente. Seu filho, Davi, de 4 anos, é o dono do (pouco) tempo livre que lhe resta:
— Vamos muito ao cinema e fazemos vários programas a dois, de menino.