Com estreia prevista para junho, canal comandado por neto de Roberto Marinho mira público com idades entre 5 e 8 anos
“Detetives do Prédio Azul” é a primeira das produções nacionais; programação evitará desenhos violentos
Em 1965, a TV Globo estreava dando atenção especial ao público infantil, com programas como “Uni Duni Tê” e “Capitão Furacão”.
Aqueles baixinhos cresceram, e hoje seus filhos não têm o mesmo espaço na emissora. Em compensação, o conglomerado de Roberto Marinho (1904-2003) cria um “puxadinho” na TV paga a ser ocupado só pela grade infantil. Em junho, a Globosat vai estrear seu primeiro canal para crianças, o Gloob, sob comando de Paulo Marinho. Neto do “doutor Marinho”, ele começou nas Organizações Globo como estagiário, no final dos anos 1990.
O “timing” do lançamento não terá sido aleatório: na TV aberta, a empresa enxugará, no segundo semestre, sua programação para menores.
Já na TV por assinatura, quanto mais baixinho o público-alvo, maior a audiência. Os canais líderes são infantis: Discovery Kids e Cartoon.
A Globo não quis começar um “jogo voraz” por audiência e mira outro segmento, mal coberto na TV paga: a faixa de cinco a oito anos. Segundo Marinho, a nova oferta global será “politicamente correta”. Ou seja: nada de desenhos violentos ou sexualizados. “Queremos passar bons valores. Temos batido bastante nessa tecla”, diz. Apresentadoras de roupa curta viram relíquia. “Não estou dizendo se é bom ou ruim, mas a figura do apresentador não tem sido fundamental.”
Essencial mesmo, para o canal estreante, é aumentar a produção nacional voltada ao público infantojuvenil -e, eventualmente, virar um exportador do gênero.
“Mais de 60% do nosso orçamento é gasto com produção brasileira”, conta Marinho. Por ora, esse montante só consegue bancar 20% das atrações necessárias para montar a programação. Por isso, no primeiro ano, dominarão títulos estrangeiros.
ELEMENTAR, CARO GLOOB
Uma pesquisa para formatar o canal revelou o que as crianças querem ver: muito humor, canção e aventura.
Por ora, a grande aposta é “Detetives do Prédio Azul”, série feita em parceria com a Conspiração Filmes. Liderada por três atores mirins, deve ter duas historinhas seguidas de 15 minutos.
“É raro uma narrativa inteira de meia hora”, diz Luiz Noronha, produtor-executivo da Conspiração. Afinal, o foco desse público multimídia, acostumado a estímulos mil, pode se esvair mais rápido do que o tempo necessário para se dizer “Gloob”.